Já vi diversas vezes
"leitores" tendo livros como ruins pelo mero fato de estes possuírem
poucas páginas. Esse preconceito é algo que nunca entendi. Talvez isso se dê
pela fama dos Pulp Fictions, histórias rápidas e rasteiras que visam apenas a
breve diversão. Essa primeira posibilidade é uma burrice, pois as repetitivas
obras de Dan Brown nada mais são do que pulp fictions gigantescos, porém o
autor tem milhares de adeptos, dai dá para ver que o preconceito está na
extensão física do livro, não em seu conteúdo.
A verdadeira semente deste
preconceito está, em minha concepção, na transformação do livro em um objeto de
status, afinal, qual a graça em se gabar de ter lido um livro "fino"?
Qual a beleza que um livro curto tem na estante?
Algum tem poucas páginas? NEIN, NEIN. |
Essa visão do livro objeto é um engodo extremamente lucrativo para
as editoras, que se tornam a cada dia mais ambiciosas, pois quanto mais páginas
o livro possui, mais caro este fica. Ou seja: A visão do livro objeto fere o
leitor, que nem sequer sente a dor de tão cego que está, e aumenta a ambição
das editoras cada vez mais megalomaníacas, fazendo assim que estórias muito
boas sejam postas de lado e nem sequer sejam publicadas por possuírem pouco
valor comercial ou até sejam publicadas, mas recebam pouca atenção do público.
Penso que a frase "Não se julga um livro pela
capa" deve ser aumentada para "Não se julga o livro pela capa ou pelo
tamanho".
"Carta sobre a tolerância" de John Locke, traz uma rica mensagem sobre tolerância religiosa e possui "meras" 93 páginas (Na versão acima). |
Então caros leitores, saibam que existem centenas de
escritores de livros curtos esperando pela sua resposta. Vamos acabar com esses
preconceitos literários de caráter comercial, pois livros não são símbolos de
status.
Ótima análise.
ResponderExcluirÉ isso mesmo, o feitiche da mercadoria está sempre presente nas relações de mercado.
Além disso, eu acrescentaria que isso escancara o quão elitista é a produção literária, onde se costuma hierarquizar a "boa" cultura e a cultura "ruim".